sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Frevo e acentuação


O frevo é um dos ritmos favoritos do carnaval e historicamente associado ao bandolim e à guitarra baiana, nossa irmã elétrica. Uma de suas principais características é a acentuação no contratempo, que lhe faz “saltitante” para alegria de dançarinos a mais de cem anos.

Os dois exemplos abaixo são de um compositor de frevos pouco ortodoxo, mas de genialidade incontestável: Egberto Gismonti. As acentuações estão marcadas com o sinal > . (Clique na figura para visualizar.)



Apesar de simples, acentuar o contratempo pode ser um exercício que exige concentração. No exemplo abaixo temos a escala de fá maior (tom das duas músicas acima). Normalmente usamos a palheta para baixo no tempo forte (ou na parte forte do tempo), ou seja, na primeira colcheia de um par. Com o auxílio de um metrônomo tente tocar mais forte a segunda colcheia, a tocada com palheta para cima. (Clique na figura para visualizar.)



Este “sotaque” não é exclusivo do frevo e pode ser aplicado em vários contextos (que o digam os jazzistas). Depois de conseguir firmar sua acentuação pra cima comece a usar este recurso para adicionar variedade rítmica a seus improvisos e veja o resultado.

6 comentários:

Unknown disse...

Eu costumo usar a palhetada pra baixo nos tempos fortes. Demorou um tempo pra entender e executar o processo, mas vale a pena, pois as frases ficam muito mais claras. Agora uma pergunta: Nesse caso do frevo, já que os acentos estão nos contratempos, porque não inverter a palhetada? No tempo 1 a palhetada seria pra cima e nos contratempos, onde rolam as acentuações, palhetadas para baixo. Será que funciona?

Fernando N. Duarte disse...

Olha, João, eu já pensei um bocado nisso. Acho que o ideal é você estar apto a fazer os dois. Não vejo problema nenhum em inverter a palheta, o que acho ruim é acostumar muito com a acentuação pra baixo e não conseguir fazer pra cima. Além disso, acho que o resultado é mais interessante acentuando pra cima. Tente os dois e diz o que você acha. Acho que desse jeito fica mais "saltitante" :)
Abraço.

Anônimo disse...

Gostei disso aqui. Vou "favoritar"!
Mesmo que ainda não entenda acordes.

"Bobo" :)

Leonardo Machado disse...

perdoem a intromissão do guitarrista, mas na história da palhetada o Fernando tá certo: o lance é conseguir acentuar das duas formas. Passei pela mesma coisa, até parar e estudar muito com o metrônomo.
Parabéns pelo blog, Fernando.
Abraços pros músicos, todos!

Anônimo disse...

Isso ae galera! Palheta deve, na minha opinião, ser estudada para ser usada em qualquer sentido, para se acentuar em qualquer tempo e para qualquer lado! hehehehe
Claro que dependendo da extenção ou da corda que começa uma frase, da afinação do instrumento, a opção por escolher começar palhetando para baixo ou para cima é necessária. Nem sempre se começa palhetando pra baixo! Outra coisa é que, naturalmente começamos sempre palhetando para baixo e, portanto, acentuando com essa direção da mão, mas é importante estudar bem lento para tirar o som desejado da frase e também para , em muitos casos, conseguir uma melhor desenvoltura em algumas frases.

Indico:

- Estudar com metrônomo as palhetadas e invertêlas;

- Estudar em colcheias, tercinas, semi-colcheias, quintinas, sextinas, septinas, fuas, etc... pois cada grupo, principalmente nas quiálteras, apresentará naturalmente uma obrigatoriedade em se alternar a palheta;

O mesmo com as acentuações, pegar os diversos grupos tempos e acentuar uma vez no primeiro tempo, depois no segundo, terceiro... depois no primeiro e segundo tempos, depois primeiro e terceiro, etc...

Assim explorando o máximo de possibilidades.

Depois, na hora de tocar um frevo fica moleza! Mas nem tão moleza assim! rsrsrsrsrs

Abração,
Rafael Ferrari

Anônimo disse...

Caros companheiros de blog,

Seguem algumas reflexoes e utilizaçoes que aplico para a mao direita no uso do bandolim:

1)A palhetada virà em funçao da musica e a definiçao (p/baixo ou p/cima) deve ser igual a uma arcada de um violinista.

2)O movimento natural sendo p/baixo, obriga a um numero par de utilizaçao no caso das semicolcheias por exemplo. Quando o numero é impar (em levare, ou seja tempo fraco)convém neste caso das semicolcheias, começar para cima para que a mao direita retome seu ataque para baixo em batere (no tempo forte).

3)Outro detalhe é quando temos salto em cordas, as notas mais agudas devem ser tocadas para cima, pois assim ajuda a retomada do sentido natural do movimento do pulso(articulaçao fundamental do bandolinista).

4)Quando o andamento é lento, é indicado usar todas as palhetadas para baixo.

Sobre o método é importante pesquisar a bibliografia em outros paises, pois grandes musicos do passado deixaram tratados para bandolim como maestros do seculo XVIII, XIX, etc...

Boa sorte e um abraço!

Jorge Cardoso
www.musicexpress.com.br/jorgec